A próxima área da aplicação tem a ver com a nossa fala. Exercer a sabedoria não é apenas sobre o que fazemos, mas inclui as coisas que falamos.
"Não convém
ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe o lábio mentiroso!" (17:7).
O tolo não apreciará
a sabedoria, nem ouvirá a sabedoria, nem crescerá em sabedoria. Isso será visto
em seu caráter (como já foi discutido) e em suas palavras. Aquele que não
consegue adquirir a sabedoria não falará palavras de sabedoria. O sábio, no entanto,
à medida que cresce em sabedoria desenvolverá "fala
excelente", que será então evidente para todos os que o ouvirem.
O Valor das Boas Palavras
No início do estudo
consideramos o valor da sabedoria e como ela vale muito mais do que o ouro, a
prata e outras coisas valiosas desta vida. Como a sabedoria produz "fala
excelente" (17:7), esperamos que as palavras ditas por alguém que
tenha adquirido sabedoria também sejam valiosas. Várias passagens no livro de
Provérbios mostram que esse é o caso.
"A boca do justo
é manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência" (10:11).
Boas palavras levam
à vida. Isso pode se referir ao fato de que aquele que mantém sua fala correta
será abençoado nesta vida. Também é verdade que aquele que fala as palavras de
justiça contribui para o bem-estar espiritual de si mesmo e de todos os que o
ouvem. Em contraste, as palavras dos ímpios "esconde a
violência", escondendo o dano que vem de seu discurso destrutivo.
"A boca do
justo produz sabedoria; porém a língua perversa será desarraigada. Os lábios do
justo sabem o que agrada; porém a boca dos ímpios fala perversidades" (10:31-32).
Aquele que se tornou
justo seguindo o caminho da sabedoria de cima, falará coisas que são
"aceitáveis" e dará sabedoria. O ímpio, por ter rejeitado a sabedoria
divina, fala o que é "pervertido" e corrupto. Não importa o quão
sábio ele pensa que é, sem a verdadeira sabedoria, ele está apenas falando o
que "parece certo" para ele, o que finalmente leva à
"morte" (14:12, 16:25). Salomão refere-se ao fim do conselho do homem
mau quando diz que sua "língua será desarraigada".
"A língua do
justo é prata escolhida; o coração dos ímpios é de pouco valor" (10:20).
"Há ouro e abundância de pedras preciosas; mas os lábios do
conhecimento são joia de grande valor"(20:15).
Ouro, prata e joias
sempre foram valiosos aos olhos do homem. Salomão os usa para fazer uma
comparação com o discurso sábio. Se tomarmos aquelas coisas que são geralmente
consideradas como as mais valiosas posses mundanas, "os lábios do conhecimento
são joia de grande valor".
"Os
desígnios dos maus são abominação para o Senhor; mas as palavras dos limpos lhe
são aprazíveis" (15:26).
Há uma ligeira
diferença na tradução da João Ferreira de Almeida Atualizada (citada acima) e
na Almeida Corrigida e Revisada Fiel. Na versão Almeida Corrigida e Revisada
Fiel, no entanto, aqueles que falam "palavras aprazíveis" são
chamados de "puros". "as palavras dos puros são
aprazíveis" (ACRF). Em ambos os casos, a pureza - que vem quando
se aprende e aplica a vontade de Deus - resulta em uma fala que é agradável.
Isto é contrastado com os "desígnios dos maus" - as
intenções de um coração corrupto - que é uma abominação ao Senhor. Isto fornece
ainda mais um lembrete de que os frutos da sabedoria - neste caso, a fala - são
produzidos por alguém que tem o seu coração bem diante de Deus.
"Como maçãs
de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" (25:11).
"Como água fresca para o homem sedento, tais são as boas-novas de terra
remota" (25:25).
Os dois versículos
acima descrevem o grande valor das palavras de encorajamento. As "maçãs
de ouro em salvas de prata" são um símbolo da beleza e riqueza de
palavras que são usadas para edificar outros. A "água fresca para
o homem sedento" é usada para descrever palavras encorajadoras
como sendo refrescante e até mesmo salva-vidas. Sem palavras boas para
encorajar e instruir os caminhos de Deus, não há razão para a esperança e
nenhum caminho para a vida.
As Consequências Das Palavras Más
Além do fato de que
as boas palavras são valiosas, usar as palavras adequadas também é importante
por causa das consequências negativas que vêm de palavras más.
"Pela
transgressão dos lábios se enlaça o mau; mas o justo escapa da angústia" (12:13).
Um homem mau vai
falar coisas que também são más. Lembre-se: "Porque, como ele
pensa consigo mesmo, assim é” (23:7). Seus maus pensamentos vão sair
nas palavras que ele usa. Quando isto acontece e ele pecar com seus lábios, ele
trará problemas sobre si mesmo. O sábio diz em outra parte: "Na
boca do tolo está a vara da soberba, mas os lábios do sábio
preservá-lo-ão" (14:3). As boas palavras do homem sábio
fornecerão proteção contra danos que de outra forma poderiam vir contra ele. Em
contraste, as más palavras do homem insensato só o põem em perigo.
"Suave é ao
homem o pão da mentira; mas depois a sua boca se enche de pedrinhas" (20:17).
É comum as pessoas
mentirem para conseguir o que querem. Quando eles fazem isso, eles podem ter a
satisfação inicial e o prazer de desfrutar o que eles foram capazes de obter
através da falsidade. Mas esse sabor "doce" acabará mudando, como
se "sua boca estivesse cheia de pedrinhas". Isso
poderia referir-se à culpa que mais tarde se pode ter por mentir para adquirir
o que ele queria. Pode também se referir às consequências negativas da mentira
- como receber a má reputação de ser um mentiroso ou a ameaça de vingança
daquele que foi enganado. De qualquer maneira, Salomão está enfatizando o fato
de que mentir para ganhar algum tipo de vantagem é comum, mas não é nem sábio
nem benéfico no longo prazo.
"O que anda
mexericando revela segredos; pelo que não te metas com quem muito abre os seus
lábios" (20:19).
Um dos pecados mais
comuns da língua é a fofoca. O sábio oferece alguns conselhos práticos
aqui: "não te metas com quem muito abre os seus
lábios". Se você se associar com um fofoqueiro, eles vão contar
aos outros sobre as coisas secretas que descobrem sobre você que não precisam
ser repetidas para os outros. Mesmo quem é irrepreensível e reto pode sofrer
danos como resultado de fofocas espalhadas sobre ele. Por isso, é melhor não
manter a companhia com um fofoqueiro. Aqueles que seguem a sabedoria seguirão
esse conselho. Aqueles que não o fizerem continuarão a se associar com quem
fofoca. Portanto, para a fofoca que se espalhando, há a consequência negativa
de perder seus amigos piedosos (como eles seguem a instrução do homem sábio) e
ficar apenas com amigos maus.
"O que
amaldiçoa a seu pai ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada nas, mais
densas trevas" (20:20).
Um dos Dez
Mandamentos contem a instrução de respeitar seus pais: "Honra a
teu pai e a tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor
teu Deus te dá" (Êxodo 20:12). Em outra parte, a Lei
declarou: "Maldito aquele que desonra seu pai e sua mãe" (Deuteronômio
27:16). Aquele que amaldiçoar seu pai e sua mãe será amaldiçoado a si mesmo. A
frase: "Sua lâmpada se apagará no tempo das trevas", está
em contraste com a recompensa de honrar os pais: "Para que os
vossos dias se prolonguem" (Êxodo 20:12). Há bênçãos por honrar
os pais e consequências negativas por não o fazer. O sábio diz em outra
passagem: "porque o maligno não tem futuro [recompensa]; e a
lâmpada dos ímpios se apagará" (24:20). Este é o destino de
alguém que usa suas palavras para amaldiçoar seus pais.
"Se
procedeste loucamente em te elevares, ou se maquinaste o mal, põe a mão sobre a
boca. Como o espremer do leite produz queijo verde, e o espremer do nariz
produz sangue, assim o espremer da ira produz contenda" (30:32-33).
Outro pecado comum
da língua é se vangloriar. Aqui no final do capítulo atribuído a Agur (30:1),
somos advertidos contra a jactância. As palavras maléficas, arrogantes e
dolorosas só levam a conflitos. O salmista escreveu: "Oh! Quão bom
e quão suave é que os irmãos vivam em união!" (Salmo 133:1). No
entanto, o homem arrogante que suscita lutas não consegue desfrutar dessa
bênção. Suas palavras criam e aprofundam a divisão que existe entre seus
irmãos.
Às vezes ouvimos o ditado: "A pena é mais poderosa do que a espada".
Este conceito de que palavras é mais poderoso do que a força física é
semelhante à ideia expressa por Salomão: "Morte e vida estão no
poder da língua" (18: 21). As palavras são poderosas. O sábio nos
mostra o poder das palavras boas e más.
O Poder Das Boas Palavras
"Os lábios
do justo apascentam a muitos; mas os insensatos, por falta de entendimento,
morrem"(10:21).
As palavras dos
justos não só proporcionam um benefício para si mesmo, como também são capazes
de ajudar os outros. Neste versículo, Salomão diz que suas palavras "apascentam
a muitos". Em nossa sociedade, muitas pessoas têm a ideia de
que "alimentar muitos" requer grandes quantias de
dinheiro e programas governamentais expansivos. No entanto, Salomão diz
que "os lábios dos justos" são capazes de fazer
isso. Como essas palavras poderiam ajudar os outros? Eles falam palavras de
sabedoria que ajudarão os outros a serem mais produtivos e autossuficientes,
confiando nas bênçãos que Deus deu em vez de estarem necessitados. Mais adiante
neste estudo, consideraremos os Provérbios sobre o trabalho e a mordomia.
Ensinar os outros em tais formas de sabedoria ajudará "alimentar
muitos".
"A ansiedade
no coração do homem o abate; mas uma boa palavra o alegra" (12:25).
Estamos todos
conscientes de como é difícil lidar com ansiedade e preocupação. Alguns se
tornaram tão impactados por estes que eles são impedidos de realizar as
atividades regulares da vida diária. Salomão diz que uma "boa
palavra" é capaz de ajudar a lidar com as lutas mentais da vida. Ele diz
em outro lugar: "O homem alegra-se em dar uma resposta adequada; e
a palavra a seu tempo quão boa é!" (15:23). Muitas vezes, a
melhor coisa para ajudar alguém a passar por uma situação difícil é uma "palavra
oportuna"(veja 25:11).
"Pela
longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebranta os
ossos" (25:15).
Como podemos esperar
que um governante seja persuadido de alguma coisa? Um método que pode vir à
mente é o da força. Os governantes entendem a força. Empregam a força ou a
ameaça de força para persuadir os homens a fazerem a sua vontade. Uma vez que
isso é o que eles entendem, alguns acreditam que a única maneira de persuadir
um governante é usando a força, ou a ameaça de força, contra ele. No entanto, o
sábio diz que a tolerância ou a longanimidade pode ser usado em vez de força
para realizar a mesma finalidade (geralmente, no entanto, isso não seria
verdade para todos os governantes). Salomão então compara isso com quebrar um
osso. Isso certamente pode ser feito com um golpe ou o impacto de uma queda.
Mas o homem sábio diz que a mesma coisa pode ser conseguida por uma "língua
branda", enfatizando o fato de que as palavras são muito mais
poderosas e eficazes do que esperamos.
O Poder Das Palavras Más
Como as palavras
boas são poderosas, assim também são as palavras más.
"O hipócrita
com a boca arruína o seu próximo; mas os justos são libertados pelo
conhecimento"(11:9).
Poderíamos esperar
que o homem sem Deus, por suas más palavras, pudesse irritar, enfurecer ou
incomodar seu próximo. Mas Salomão diz que as más palavras do ímpio são capazes
de destruir o seu próximo. Através da mentira, da decepção, da calúnia, do mau
conselho e do falso testemunho, alguém é capaz de arruinar a vida e até mesmo
arriscar a alma de outro.
"O homem vil
suscita o mal; e nos seus lábios há como que um fogo ardente. O homem perverso
espalha contendas; e o difamador separa amigos íntimos" (16:27-28).
Salomão usa a
ilustração do fogo para descrever quão destrutivas são as palavras do homem
vil. Tiago usou esta mesma analogia quando discutiu o poder da língua: "Assim
também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão
grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; sim, a
língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina
todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo
inferno" (Tiago 3:5-6). A contenda que é causada pelo "fogo
ardente" da boca do homem vil e perverso é capaz de dividir até os mais
próximos amigos.
"Pesada é a
pedra, e a areia também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas
ambas"(27:3).
Salomão usa
novamente uma analogia que pode ser facilmente compreendida. O peso da pedra ou
areia é capaz de ser uma carga opressiva. Se ela for grande o suficiente, o
indivíduo pode até ser esmagado por ela. Ele diz que "a ira do
insensato" é mais onerosa e prejudicial do que o peso da pedra ou
areia. A ira do tolo, ou raiva, poderia ser aplicada amplamente. Mas no
contexto, Salomão está descrevendo as palavras prejudiciais do tolo. Nos versos
anteriores, ele menciona jactância e a exaltação que pode vir de sua boca
(27:1-2). Ele continua este pensamento, descrevendo os efeitos prejudiciais de
palavras de um tolo quando ele arrogantemente as usa contra os outros.
"Faltando
lenha, apaga-se o fogo; e não havendo difamador, cessa a contenda. Como o
carvão para as brasas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para
acender rixas. As palavras do difamador são como bocados deliciosos, que descem
ao íntimo do ventre. Como o vaso de barro coberto de escória de prata, assim
são os lábios ardentes e o coração maligno. Aquele que odeia dissimula com os
seus lábios; mas no seu interior entesoura o engano. Quando te suplicar com voz
suave, não o creias; porque sete abominações há no teu coração. Ainda que o seu
ódio se encubra com dissimulação, na congregação será revelada a sua malícia. O
que faz uma cova cairá nela; e a pedra voltará sobre aquele que a revolve. A
língua falsa odeia aqueles a quem ela tenha ferido; e a boca lisonjeira opera a
ruína" (26:20-28).
Há vários pontos
sobre o poder das palavras na passagem acima.
Primeiro, as palavras malignas não só causam conflitos, mas sustentam-no.
Palavras maléficas são o combustível para o fogo. Assim como um fogo apagará
quando não tiver combustível (madeira), a luta acabará quando não houver
combustível para ela (as palavras do homem contencioso), também (26:20-21).
Segundo, as palavras "descem ao íntimo do ventre". Afetam
profundamente o ouvinte e não são facilmente esquecidas (26:22).
Terceiro, as palavras são capazes de disfarçar o ódio no coração, como a feiura
de um vaso de barro pode ser disfarçada quando é coberta com prata (26:23-26).
Em quarto lugar, as palavras enganosas do ímpio não são apenas perigosas para o
ouvinte, mas também causam problemas para si mesmo (26:27, ver 12:13).
Em quinto lugar, uma língua mentirosa e lisonjeira é capaz de esmagar e
arruinar aqueles que ela odeia.
Como já observamos, nunca devemos subestimar o poder das palavras - tanto o bem
quanto o mal.
Compreendendo quão importante é a nossa fala, devemos ter certeza de que nossas
palavras refletem a sabedoria em todos os momentos.
Falando Verdade ou Mentiras
Uma área em que
haverá um contraste nítido entre o sábio e o tolo é que, aquele que segue a
sabedoria de Deus falará a verdade. Aquele que rejeita a sabedoria divina (que
é a verdade em si) falará o que é falso.
"Quem fala a
verdade manifesta a justiça; porém a testemunha falsa produz a fraude. Há
palrador cujas palavras ferem como espada; porém a língua dos sábios traz
saúde. O lábio veraz permanece para sempre; mas a língua mentirosa dura só um
momento" (12:17-19).
O sábio menciona
alguns benefícios que vêm de falar a verdade.
- Primeiro, falar a verdade comunica
"o que é certo" (12:17), ou "justiça".
- Segundo, falar a verdade "traz
saúde" (12:18).
- Terceiro, há um benefício a longo prazo
para aqueles que falam a verdade em que eles "permanecem para
sempre" (12:19).
Isto está em contraste
com aquele que fala mentiras. Salomão diz: "a língua mentirosa
dura só um momento" (12:19). Falar mentiras leva ao castigo, como
diz o sábio em outro lugar: "A testemunha falsa não ficará impune,
e o que profere mentiras perecerá" (19:9). Falar a mentira não só
causará problemas nesta vida; causa problemas além desta vida. Assim Salomão
diz: "O que guarda a sua boca e a sua língua, guarda das angústias
a sua alma" (21:23). Devemos trabalhar para controlar as nossas
línguas, para que não nos coloquemos em problemas, nem nesta vida nem na outra.
"Os lábios
mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu
deleite" (12:22).
A razão pela qual a
mentira causa problemas para alguém depois desta vida é por causa da
responsabilidade do homem diante de Deus (24:12). Mentir é "uma
abominação ao Senhor". É completamente contrário à Sua natureza,
pois Ele "não pode mentir" (Tito 1:2). A mentira
está em harmonia com a natureza do Adversário - o Diabo - que é chamado
de "pai da mentira" (João 8:44). Portanto, Deus se
opõe e punirá aqueles com "lábios mentirosos". Por
outro lado, "os que praticam a verdade são o seu
deleite". Como resultado, aqueles que falam a verdade serão
abençoados por Ele.
"Desvia de
ti a malignidade da boca, e alonga de ti a perversidade dos lábios" (4:24).
Conhecendo a atitude
do Senhor em relação à falsidade e os benefícios de falar a verdade, devemos
ser diligentes para eliminar as palavras enganosas e tortuosas. Mais tarde, no
livro de Provérbios, Agur menciona dois pedidos que tinha antes de morrer. O
primeiro era: "Alonga de mim a falsidade e a mentira" (30:7-8).
Nossa atitude em relação à falsidade deve ser como a de Agur, em que abominamos
a falsidade tanto que não só a queremos longe de nós, mas que a impedimos de
entrar em nossas próprias bocas.
"A
testemunha verdadeira não mentirá; a testemunha falsa, porém, se desboca em
mentiras" - "A testemunha verdadeira livra as almas; mas o que fala
mentiras é traidor" (14:5,
25).
O primeiro verso
contém uma declaração que esperamos sobre quem vai mentir e quem não vai.
Testemunhas falsas mentem. Testemunhas de confiança falam a verdade. O segundo
verso menciona as consequências das palavras dessas duas testemunhas. "A
testemunha verdadeira livra as almas", na medida em que ele
impede o inocente do castigo injustificado, e leva os ímpios ao castigo
legítimo, salvando assim as vítimas futuras do sofrimento da mão do homem
perverso. O homem perverso, através de seu falso testemunho, "é
traiçoeiro", porque suas palavras ameaçam todos os que são verdadeiros e
retos.
"como nuvens
e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não
fez" (25:14).
Nuvens e vento
muitas vezes sinalizam a chegada da chuva. Quando estes são vistos por aqueles
que precisam de chuva, uma esperança é produzida, uma vez que eles antecipam as
chuvas se aproximando. Se na verdade não chega chuva, a esperança se transforma
em decepção ou desespero, dependendo de quão a chuva era necessária. É o mesmo
quando se orgulha de seus dons. Ouvi-los pode fazer com que o indivíduo se
torne esperançoso como se o dom do bufão lhe fosse útil. Mas se for um falso
alarde, produzirá somente o desapontamento e o ressentimentos entre aqueles que
pensaram que podiam ser ajudados por aquele que reivindicou ter determinados
dons. Muitas pessoas são tentadas a mentir sobre suas habilidades, a fim de
impressionar os outros. O homem sábio não fará isso, mas será honesto com os
outros sobre suas habilidades e dons para que outros o reconheçam como
confiável e fiel.
Cuidado e Discrição
Às vezes ouvimos a
frase: "pense antes de falar". Esse princípio é encontrado no livro
de Provérbios. Salomão nos encoraja a exercer cautela e discrição em nossa
fala.
"O que acena
com os olhos dá dores; e o insensato palrador cairá" - "Nos lábios do
entendido se acha a sabedoria; mas a vara é para as costas do que é falto de
entendimento. Os sábios entesouram o conhecimento; porém a boca do insensato é
uma destruição iminente" (10:10,
13-14).
"O homem
prudente encobre o conhecimento; mas o coração dos tolos proclama a
estultícia"(12:23).
O "insensato" -
aquele que não controla sua língua ou cuida do que diz - "será
arruinado" (10:10). Os entendidos terão o cuidado de falar as
palavras de sabedoria (10:13). Mas o tolo que é "falto de
entendimento", traz a ruína sobre si mesmo porque não tem cuidado
com o que ele diz (10:13-14). É melhor não dizer nada do que falar o que é
tolo. Assim diz Salomão: "O prudente esconde o conhecimento" (12:23).
Não diz que ele evita falar coisas que são falsas. Já vimos como o sábio
evitará isso. Mas aqui ele está discutindo conhecimento, o que implica coisas
que são verdadeiras. Nem tudo o que sabemos precisa ser dado a conhecer aos
outros. O tolo não entende isso.
"Quem
despreza o seu próximo é falto de senso; mas o homem de entendimento se cala. O
que anda mexericando revela segredos; mas o fiel de espírito encobre o
negócio" (11:12-13).
"O que
perdoa a transgressão busca a amizade; mas o que renova a questão, afastam
amigos íntimos”. (17:9).
Novamente, esses
versículos não estão falando sobre falar coisas que são falsas. Trata-se de
falar coisas que, embora possam ser verdadeiras, não devem ser tornadas
públicas. Se nosso próximo está envolvido em algum pecado privado, ou ele pecou
contra nós, é melhor dirigir o assunto diretamente ao próximo em privado, em
vez de transformá-lo em um assunto público que todos descobrem. Ocultar uma
transgressão não é ignorar ou tolerar o pecado. Em vez disso, é manter um
assunto privado de modo a (espero) levar o transgressor ao arrependimento.
"Refreia as
suas palavras aquele que possui o conhecimento; e o homem de entendimento é de
espírito sereno. Até o tolo, estando calado, é tido por sábio; e o que cerra os
seus lábios, por entendido" (17:27-28).
Cuidado e discrição no
discurso é tão claramente uma característica da sabedoria que Salomão diz que
um tolo que refreia suas palavras e "estando calado, é tido por
sábio" (17:28). A razão pela qual abster-se de discurso
desnecessário é uma característica da sabedoria é porque quanto mais se fala,
mais problemas podem ser causados por seu discurso. O sábio chega até a
dizer: "Na multidão de palavras não falta transgressão; mas o que
refreia os seus lábios é prudente" (10:19). Aquele que não
aprende a controlar sua língua pode esperar pecar com sua língua. Tiago disse
que a língua "É um mal irrefreável; está cheia de peçonha
mortal" (Tiago 3:8). Portanto, devemos ter muito cuidado para
conter nossas palavras e falar apenas coisas que são boas e corretas.
"Responder
antes de ouvir, é estultícia e vergonha" (18:13).
Tiago
escreveu: "Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e
tardio para se irar" (Tiago 1:19). É fácil tirar conclusões
precipitadas antes de entender um assunto. Quando fazemos isso, inevitavelmente
dizemos coisas que são incorretas e imprudentes. Portanto, o sábio esperará
para falar e julgar um assunto até que ele saiba o quadro todo. Alguns
versículos depois disto, Salomão diz: "O que primeiro começa o seu
pleito parece justo; até que vem o outro e o examina" (18:17). Se
falarmos sem uma compreensão completa dos fatos, poderemos cometer um erro de
julgamento, trazendo assim "estultícia e vergonha" para
nós mesmos.
"Laço é para
o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então
refletir" (20:25).
Antes de endossar ou
promover algo na religião, devemos ter certeza de que está certo. Declarar
precipitadamente que algo é "santo", sem primeiro
procurar nas Escrituras para ver se é aprovado por Deus, é estabelecer uma
armadilha para nós mesmos. Devemos primeiro saber o que é certo à vista de Deus
antes de afirmarmos que algo é santo. Nossas palavras não podem tornar algo certo.
Somente a palavra de Deus pode ser usada para mostrar o que é certo em relação
a assuntos espirituais.
"O que
guarda a sua boca preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz
sobre si a ruína" (13:3).
Guardar a boca é ter
cuidado no discurso. Aquele que é cuidadoso desta forma, mantém-se dentro do
domínio da aprovação de Deus, preservando assim a sua vida. Aquele que é
descuidado com o seu discurso, e, portanto, faz com que a "transgressão
seja inevitável" (10:19), vai arruinar-se.
"Vês um
homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para
ele"(29:20).
O tolo neste
versículo não é aquele que rejeitou a sabedoria de Deus, mas aquele que
simplesmente ignora o que Deus quer que ele faça. Aquele que é ignorante ainda
tem a possibilidade de ser ensinado para que ele possa adquirir entendimento.
Por outro lado, quem é "precipitado nas suas palavras" não
está acostumado a pensar antes de falar. Ele não está interessado em aprender,
apenas em falar. Como Salomão diz em outra passagem: "O tolo não
toma prazer no entendimento, mas tão somente em revelar a sua
opinião" (18:2).
Ensino
Uma das coisas
importantes que podemos fazer em nosso discurso é o ensino. Salomão discute
isso no livro de Provérbios também.
"Os lábios
dos sábios difundem conhecimento; mas não o faz o coração dos tolos" (15:7).
A sabedoria que vem
de cima não se destina a uma elite de poucos, enquanto outros ficam sem ela. Se
adquirimos conhecimento, deveríamos compartilhar o que sabemos para que os
outros também possam adquirir conhecimento e se tornarem sábios. É a marca de
um tolo não querer espalhar o conhecimento e ajudar os outros a aprender o que
eles deveriam saber.
"Aquele que
disser ao ímpio: Justo és; os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão; mas
para os que julgam retamente haverá delícias, e sobre eles virá copiosa bênção.
O que responde com palavras retas beija os lábios" (24:24-26).
O profeta Isaías
disse: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal" (Isaías
5:20). Embora muitas vezes haja uma tendência hoje para os homens louvar
aqueles que fazem o que é errado, não ajudamos ninguém quando chamamos os
ímpios de justos. Devemos estar dispostos a chamar o pecado pelo que é. Devemos
repreender a iniquidade, não a louvar ou desculpar. Se repreendemos a
iniquidade, seremos abençoados. Se falharmos em fazer isso, e louvarmos os
ímpios, seremos amaldiçoados.
"Não
respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças
semelhante a ele. Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que ele não
seja sábio aos seus próprios olhos"(26:4-5).
Estes dois versos
contêm frases semelhantes sobre responder a um tolo, mas há uma diferença
significativa entre eles. "Não respondas ao tolo segundo a sua
estultícia", significa que não devemos responder ao tolo da mesma
maneira. Não devemos responder com tolice. Embora possa ser tentador abaixar-se
a seu nível, devemos evitar fazê-lo porque não ajuda ninguém e só nos magoa
(nós nos tornamos como o tolo). Em vez disso, Salomão admoesta, "responde
ao tolo segundo a sua estultícia". Em vez de responder a um tolo
da mesma maneira (com tolice), devemos responder com sabedoria. Isso inclui
repreender a iniquidade (24:25) para que outros não se engajem no mesmo
comportamento pecaminoso (1 Timóteo 5:20). O importante é que, não importa quão
tolos e perversos possam ser os outros, devemos sempre responder com sabedoria
e não com tolice.
"O malfazejo
atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos para a língua
maligna"(17:4).
Se você falar a verdade,
alguns simplesmente não vão ouvir. Muitas vezes, um malfeitor escolherá ouvir
aqueles que proclamarão o erro que apoia a maldade deles. Paulo declarou este
princípio quando escreveu a Timóteo: "Porque virá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis,
ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos" (2
Timóteo 4:3). As pessoas vão encontrar aqueles que vão dizer-lhes o que eles
querem ouvir. Isso não significa que devemos deixar de proclamar a sabedoria de
Deus para que não percamos nossa audiência. Devemos ensinar o que é certo, se
os outros querem ouvi-lo ou não. Mas devemos estar preparados para a realidade
de que alguns simplesmente não escutarão a verdade.
"O que faz
com que os retos se desviem para um mau caminho, ele mesmo cairá na cova que
abriu; mas os inocentes herdarão o bem" (28:10).
Este versículo nos
lembra da seriedade do ensino. Se nós, através de nosso ensino, levarmos um
homem justo a se desviar de Deus e seguir a maldade, sofreremos consequências
por isso. Devemos ter cuidado com o que ensinamos para que sempre conduzamos os
outros no caminho da verdade. Seremos responsabilizados pela maneira como
fazemos isto (Tiago 3:1). Não podemos forçar os outros a aceitar a verdade e fazer
o que é certo, mas devemos sempre apontá-los na direção certa.