Depois de considerar o valor da sabedoria, as recompensas da sabedoria, e a libertação do mal que a sabedoria oferece, vamos observar os perigos da maldade para reforçar ainda mais o que já aprendemos: abraçar e seguir a sabedoria que vem do alto é, para o nosso bem.
Os perigos da maldade podem ser divididos em três categorias: as dificuldades
na vida, falta de esperança para o futuro, e a inevitabilidade do juízo.
"O bom senso alcança favor; mas o caminho dos prevaricadores é áspero" (13:15).
O primeiro perigo da maldade são as dificuldades na vida de quem a pratica.
As pessoas
se queixam frequentemente que o caminho de Deus é difícil de seguir. Em certo
sentido, é (Mateus 7:13-14), mas o caminho da maldade contém dificuldades que
seriam evitadas se simplesmente seguíssemos o que é certo. As dificuldades que
surgem como resultado de rejeitar a sabedoria de Deus são desnecessárias e
evitáveis.
"Quanto ao ímpio, as suas próprias iniquidades o prenderão, e pelas
cordas do seu pecado será detido. Ele morre pela falta de disciplina; e pelo
excesso da sua loucura anda errado" (5:22-23). Uma das
mentiras do pecado é nos convencer de que ainda estamos no controle, enquanto o
pecado se torna um mestre sobre nós. Mas o pecado (iniquidades) captura, ou
prende-nos. Mais tarde, Paulo escreveu: "Não sabeis que daquele a
quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a
quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a
justiça?" (Romanos 6:16). Quando buscamos o pecado, ao invés da
justiça ou a sabedoria divina, tornamo-nos escravos do pecado. O resultado
final é que "morremos pela falta de disciplina". Isso
nos mostra que a instrução de Deus nos ensina a repudiar o pecado. Muitos
acreditam que o pecado é tolerável porque não pode causar um filho de Deus para
ser perdida. Esta ideia é falsa. A Palavra de Deus claramente nos ensina a
evitar o pecado (Tito 2:12). Portanto, se alguém ignora esta instrução e
escolhe viver sem ela, ele será capturado e preso por suas iniquidades, o que
acabará por resultar em morte.
"O homem vil, o homem iníquo, anda com a perversidade na boca, pisca
os olhos, faz sinais com os pés, e acena com os dedos; perversidade há no seu
coração; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas. Pelo que a sua
destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja
cura" (6:12-15). As ações descritas aqui se referem a alguém
que é um causador de problemas e decidido a espalhar discórdia entre os irmãos.
Quando se age de forma corrupta como esta, o homem sábio diz que a calamidade
que resultará da sua maldade será inesperada, vindo de repente e
instantaneamente. Ele pode ser capaz de enganar a si mesmo ao pensar que não há
motivo para preocupação - e muitos que seguem após a maldade fazem isso,
fazendo com que suas próprias consciências se tornem cauterizadas (1 Timóteo
4:2) - mas o problema acabará por vir para ele.
"Se fores sábio, para ti mesmo o serás; e, se fores escarnecedor, tu
só o suportarás" (9:12). Isto lembra-nos do princípio da
responsabilidade pessoal. Quando se rejeita a sabedoria divina e age
perversamente, não será capaz de culpar ninguém por suas ações, ou as
consequências dessas ações.
"Quando vem o ímpio, vem também o desprezo; e com a desonra vem o
opróbrio" (18:3). Quando alguém rejeita a sabedoria de Deus e
segue após o pecado, ele se torna conhecido por outras pessoas por seu caráter
e suas ações. Embora se possa acreditar que ele vai ajudar a si mesmo por se
envolver em pecado (e todo o pecado é fundamentalmente enraizado no egoísmo),
suas ações irão produzir uma reputação sobre ele, e essa reputação irá resultar
em desonra e desprezo. Ele será visto como "abominável aos
homens" (24:8-9).
"Não é bom agir sem refletir; e o que se apressa com seus pés erra o
caminho. A estultícia do homem perverte o seu caminho, e o seu coração se
irrita contra o Senhor" (19:2-3). Rejeitar a verdade e a
sabedoria é rebelar-se contra Deus. Isto leva à ruína para quem rejeitou os
sábios conselhos. É por isso que "Não é bom agir sem
refletir". Portanto, em vez de se apressar para agir, o que
muitas vezes faz com que se desvie da verdade e sofre as consequências, é bom
parar para ouvir, considerar e aprender. É o mesmo princípio que Tiago
enfatizou: "Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto
para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não
opera a justiça de Deus" (Tiago 1:19-20).
"O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com
intenção maligna!" (21:27). Além de ser "abominável
aos homens" (24:9), o homem perverso é abominação para Deus. Além
disso, seu "sacrifício ... é uma abominação". Deus
não ficará satisfeito com o que ele oferece e não vai aceitá-lo. Nenhuma
quantidade de sacrifício vai agradar a Deus quando se trata de alguém que se
recusa a obedecê-lo. Samuel disse a Saul, "Tem, porventura, o
Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz
do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar..." (1
Samuel 15:22). O homem ímpio que está sendo discutido neste versículo não é
penitente; ele continua a se rebelar contra Deus e escolhe o seu próprio
caminho ao invés dos caminhos da sabedoria. Portanto, seu sacrifício é uma
abominação para Deus. Qualquer "intenção maligna" em
seu coração só agrava o problema.
"O homem culpado do sangue de qualquer pessoa será fugitivo até a
morte; ninguém o ajude" (28:17). O tempo não traz o perdão. A
menos que e até que o homem satisfaça a condição divina para o perdão
(arrependimento), seus pecados ainda estarão contra ele, não importa quanto tempo
passe. O homem sábio nos encoraja a não apoiar aquele que está em pecado e se
recusa a se arrepender. Claro, devemos estar prontos para ajudar a levá-lo de
volta para a verdade, se possível (11:30), mas enquanto ele permanece no seu
pecado, ele não é digno de nenhum apoio.
"Não te
aflijas por causa dos malfeitores; nem tenhas inveja dos ímpios; porque o
maligno não tem futuro; e a lâmpada dos ímpios se apagará" (24:19-20).
O segundo perigo de maldade é a falta de esperança para o futuro.
Qualquer
"benefício" que vem de seguir a maldade e a sabedoria mundana é
apenas temporária. O escritor de Hebreus falou sobre Moisés, que abandonou os
"prazeres transitórios do pecado" (Hebreus 11:25). Enquanto o pecado
pode parecer atraente, é certamente passageiro. Não há benefícios a longo prazo
para o pecado.
"O que perturba a sua casa herdará o vento; e o insensato será servo
do entendido de coração" (11:29). A Bíblia nos lembra que nós
colhemos o que semeamos (Gálatas 6:7). O profeta Oséias disse: "Porquanto
semeiam o vento, hão de ceifar o turbilhão" (Oséias 8:7). Para
todo o esforço do homem ímpio, seus trabalhos são apenas inúteis e destrutivos.
Aqueles que estão mais próximos a ele ("sua casa") também sofrerá as
consequências de suas ações. O sábio, então, diz de o insensato servir o sábio,
apontando para a futura exaltação dos justos e humilhação dos ímpios. Ele diz
em outro lugar: "Os maus inclinam-se perante os bons; e os ímpios
diante das portas dos justos" (14:19).
"O homem que anda desviado do caminho do entendimento repousará na
congregação dos mortos" (21:16). Este versículo não se refere
aqueles que nunca aprenderam a palavra de Deus. Em vez disso, fala sobre
aqueles que são ensinados na verdade, a compreende, e depois a abandona. Apesar
de uma vez estar no caminho do entendimento, aquele que rejeita e deixa a
verdade tem um futuro de condenação aguardando-lhe se ele não retornar à
verdade.
"O que semear a perversidade segará males; e a vara da sua
indignação falhará" (22:8). Já notamos o princípio de que nós
colhemos o que semeamos (11:29). Quando se semeia as sementes do pecado, o que
podemos esperar colher? Há certamente consequências nesta vida (13:15) e na
outra (Romanos 6:23). Mas, em vez de se concentrar sobre essas consequências, o
homem sábio enfatiza a futilidade do desejo pecaminoso. As sementes do pecado,
quando semeadas, produz apenas aquilo que é vão. "A vara da sua
indignação" - seu poder de fazer o mal - perecerá. Tudo o que é
de valor duradouro vem de fielmente obedecer a Deus e buscar a sabedoria que
vem do alto.
"Não te aflijas por causa dos malfeitores; nem tenhas inveja dos
ímpios; porque o maligno não tem futuro; e a lâmpada dos ímpios se
apagará" (24:19-20). Depois de notar o fato de que os ímpios
não têm futuro em que eles podem esperar, Salomão nos diz para não nos
afligirmos (preocupação) sobre eles ou os invejar. Pode ser fácil se afligir e
invejar quando estamos muito míopes olhando para as questões que se estendem
além desta vida. Mesmo que vemos os ímpios prosperando nesta vida, não devemos
nos afligir por causa deles ou inveja-los. Nenhuma quantidade de prosperidade
nesta vida pode comparar com o grande valor da recompensa prometida àqueles que
forem fiéis ao Senhor (Mateus 16:26).
"Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões;
mas os justos verão a queda deles" (29:16). A maldade tende a
progredir "de mal a pior" (2 Timóteo 3:13). O pecado leva a mais
pecados, o que leva a cada vez mais dificuldades e destruição. Mas nós temos
uma garantia duas vezes no fim deste verso. Em primeiro lugar, o ímpio cairá.
Os "benefícios" que eles desfrutam dos seus pecados são apenas
temporários. Em segundo lugar, os justos verão a queda dos ímpios, o que
implica que os justos serão poupados e terão um futuro após o juízo que vem
contra aqueles que são ímpios.
"A
condenação está preparada para os escarnecedores, e os açoites para as costas
dos tolos" (19:29).
O terceiro perigo da maldade é a inevitabilidade do juízo.
O juízo vem em várias
formas. O indivíduo pode ser julgado pela palavra de Deus, quando ele é
reprovado por ela (Hebreus 4:12). Ele pode ser julgado ao sofrer as
consequências físicas do seu erro. A pessoa também pode ser julgada pelas
autoridades civis, quando sua maldade se manifesta em violação de uma lei
justa. Finalmente, ele estará frente a frente com Deus no dia do juízo e
recebera a punição por seus atos ímpios.
"Nos lábios do entendido se acha a sabedoria; mas a vara é para as
costas do que é falto de entendimento" (10:13). A vara é um
símbolo de disciplina corretiva e é usado ao longo do livro de Provérbios
(13:24; 14:3; 22:15; 23:13-14; 26:3; 29:15). Alguém que tenha sabedoria e
demostra a sabedoria não precisa de tal correção. Aquele que rejeita a
sabedoria e a instrução deve receber a vara, a fim de convencê-lo a se
arrepender. Essa disciplina corretiva, quando administrada de forma adequada, é
um sinal de que a pessoa foi julgada por ter transgredido o padrão de justiça.
"O rebelde não busca senão o mal; portanto um mensageiro cruel será
enviado contra ele" (17:11). O "mensageiro
cruel" seria alguém para ensinar-lhe a lição de sua rebeldia.
Isso poderia ser feito através da disciplina corretiva (10:13) ou por meio de
experiência quando ele vê as consequências negativas do seu comportamento. Em
ambos os casos, aquele que é rebelde precisa aprender que seus caminhos são
maus. Portanto, juízo deve ser feito contra ele.
"Homem de grande ira tem de sofrer o castigo; porque se o livrares,
terás de o fazer de novo" (19:19). Este versículo nos adverte
para não perder muito do nosso tempo ajudando aqueles que demonstram que eles
não têm interesse em seguir o caminho da verdade. Há penalidades a serem pagas
pelo pecado (neste caso, o pecado que é especificado é "grande
ira", mas a princípio se estende a outros pecados também). Cada
um vai sofrer por seu próprio pecado. Se tentarmos salvar alguém - não por
afastá-lo do pecado, mas ao tentar remover as consequências negativas para o
seu pecado - ele vai continuar a perseguir o pecado e precisará ser resgatado
novamente. O castigo que vêm por causa do pecado continuará a vir enquanto a
pessoa permanecer sem arrependimento. Além da futilidade de tentar ensinar
aquele que não tem desejo de fazer o que é certo, nós também somos avisados sobre
a condição deste homem. Precisamos reconhecer a posição desesperada e infeliz
do ímpio, para que não sejamos tentados a segui-lo para fazer o mal.
"Como a neve no verão, e como a chuva no tempo da ceifa, assim não
convém ao tolo a honra" "Como o que ata a pedra na funda, assim é
aquele que dá honra ao tolo”. (26:1, 8). Ao invés de deixar que o
tolo sofra as consequências da sua opção de rejeitar Deus e Sua sabedoria,
muitos tentam "proteger" aqueles que agem insensatamente e
perversamente da realidade. Isto às vezes parece natural quando a pessoa não
quer ferir os sentimentos de alguém. Mas estes versículos descrevem um passo
que vai além disso. Mais do que proteger alguém das consequências, muitos
tentam conferir honra sobre aquele que é um tolo. Essa honra é completamente
fora do lugar e inútil. Este é o ponto da ilustração no versículo 8. A palavra
pedra significa uma "pedra de construção". Uma funda é de uma palavra
que significa "amontoado de pedras". Assim, a ideia é tomar uma pedra
que é boa e útil para a construção e descartá-lo em um amontoado pilha de
pedras, de tal forma que ela fique coberta e incapaz de ser recuperada e
utilizada. A boa pedra de construção não deve ser lançada no monte de pedras
inúteis. Da mesma forma, a honra não pertence ao tolo. Em vez disso, como temos
notado nesta parte do nosso estudo, as dificuldades, a disciplina, e o juízo
pertencem ao tolo.
Aqueles que tolamente seguem o caminho da maldade sofrerão por isso. Haverá
dificuldades na vida. Eles não têm nenhuma esperança para o futuro. Aqueles que
são maus permanecem para enfrentar o juízo divino - tanto nesta vida e além -
por sua maldade. No final, é muito melhor andar na sabedoria do que a andar
segundo sua própria vontade.
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consequências físicas